Formação de professores básicos na universidade

indicações preliminares de um adestramento obsoleto

Autores

  • Pedro Demo Universidade de Brasília

Palavras-chave:

Formação de professores. Universidade. Conhecimento. Aprendizagem.

Resumo

O texto tem como objetivo mostrar que a formação do professor básico na graduação universitária é obsoleta, porque está ainda no contexto instrucionista do início do século passado. Hoje exige-se que o professor seja autor, cientista, pesquisador, para poder formar alunos autores, cientistas, pesquisadores, habilidades que começariam já no pré-escolar. A função de repassar conteúdo de maneira reprodutiva vai se deslocando para o computador. Anima esta discussão a visão de aprendizagem como autoria, não como treinamento, ainda que treinamento faça parte da aprendizagem humana, mas como instrumentação acessória. A escola não toma a sério o diagnóstico do aprendizado escolar, ignorando que grande parte dos estudantes não aprende, sobretudo no ensino médio. A BNCC pede a “recriação da escola”, que implica a recriação do professor. A universidade, por falta de autocrítica, não aceita reinventar seus cursos de graduação (pedagogia e licenciatura). Continua formando profissionais do ensino, enquanto precisamos de profissionais da aprendizagem. O professor não é visto como culpado, mas como também responsável pela aprendizagem do aluno. Há que cuidar dos professores, para que cuidem dos estudantes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Demo, Universidade de Brasília

Doutorado em Sociologia - Universität Des Saarlandes/Alemanha (1971). Professor titular
aposentado da Universidade de Brasília, Departamento de Sociologia. Professor Emérito da
UnB. Fez pós-doutorado na UCLA/Los Angeles (1999-2000). Tem experiência na área de
Política Social, com ênfase em Sociologia da Educação e Pobreza Política. Trabalha com
Metodologia Científica, no contexto da Teoria Crítica e Pesquisa Qualitativa. Pesquisa
principalmente a questão da aprendizagem nas escolas públicas, por conta dos desafios da
cidadania popular. Publicou mais de 90 livros.

Referências

ALTHUSSER, L. 1980. Ideologia e Aparelhos ideológicos do Estado. Editorial Presença, Lisboa.

ANUÁRIO BRASILEIRO DA EDUCAÇÃO BÁSICA. 2021. Todos pela Educação/Moderna. São Paulo - https://todospelaeducacao.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2021/07/Anuario_21final.pdf?utm_source=site&utm_campaign=Anuario

BACICH, L. & MORAN, J. (Orgs.). 2018. Metodologias ativas para uma educação inovadora. Penso, Porto Alegre.

BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC). 2018. Educação é a Base. MEC, Brasília - http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf

BOURDIEU, P. & PASSERON, J.C. 1975. A Reprodução - Elementos para uma teoria do sistema educativo. Francisco Alves, Rio de Janeiro.

CALAZANS, J. (Org.). 1999. Iniciação Científica: Construindo o pensamento crítico. Cortez, São Paulo.

CARRAHER, T. et alii. 1988. Na vida dez, na escola zero. Cortez, São Paulo.

CARRAHER, T.N. (Org.). 1988. Aprender pensando - Contribuições da psicologia cognitiva para a educação. Vozes, Petrópolis.

COSTANDI, M. 2016. Neuroplasticity. The MIT Press, Cambridge.

COULDRY, N. & HEPP, A. 2016. The mediated construction of reality. Polity, London.

DAVIES, P. 2019. The demon in the machine. Penguin.

DEACON, T.W. 2012. Incomplete Nature – How mind emerged from matter. W.W. Norton & Company, N.Y.

DEMO, P. & SILVA, R.A. 2021. Efeito Desaprendizagem na Escola Básica. Amazon - https://drive.google.com/file/d/1jnLdc4Eie3zY0eDbmfMrz6Kac17kVqj0/view

DEMO, P. 1990. Pesquisa: princípio científico e educativo. Cortez, São Paulo.

DEMO, P. 1996. Educar pela Pesquisa. Autores Associados, Campinas.

DEMO, P. 2011. A força sem força do melhor argumento – Ensaio sobre “novas epistemologias virtuais”. Ibict, Brasília.

DEMO, P. 2011a. Praticar Ciência – Metodologias do conhecimento científico. Saraiva, São Paulo.

DEMO, P. 2015. Aprender como Autor. Gen, São Paulo.

DEMO, P. 2017. Sobral está sobrando! O que Sobral tem que outros não têm? - https://docs.google.com/document/d/1LmTbbbQMUuU49L-a8Wlei-TdwcttStuQ4UboW2SMIlY/pub

DEMO, P. 2018. Atividades de aprendizagem – Sair da mania do ensino para comprometer-se com a aprendizagem do estudante. SED/Gov. MS, Campo Grande - https://drive.google.com/file/d/1FKskDCxNB422PVhrjrDjD48S4cjsb77-/view

DEMO, P. 2020. Algum risco de dar certo na educação básica – Exemplo do Ceará - https://pedrodemo.blogspot.com/2020/12/ensaio-556-algum-risco-de-dar-certo-na.html

DOIDGE, N. 2007. The Brain That Changes Itself: Stories of Personal Triumph from the Frontiers of Brain Science. Penguin, London.

ENEM 2020. 2021. Enem 2020 tem 28 redações nota mil... G1 Educação - https://g1.globo.com/educacao/enem/2020/noticia/2021/03/30/enem-2020-tem-28-redacoes-nota-mil-veja-desempenho-geral-dos-candidatos.ghtml

FOUCAULT, M. 1977. Vigiar e punir - História da violência nas prisões. Vozes, Petrópolis.

FREIRE, P. 1997. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra, Rio de Janeiro.

FUMAGALLI, A., GIULIANI, A., LUCARELLI, S., VERCELLONE, C. 2019. Cognitive capitalism, welfare and labor: The commonfare hypothesis. Routledge.

GERRISH, S. & SCOTT, K. 2018. How smart machines think. The MIT Press.

HARARI, Y.N. 2015. Sapiens: A brief history of humankind. Harper, London.

HARARI, Y.N. 2017. Homo Deus – A brief history of tomorrow. Harper, London.

HARDING, S. 1998. Is Science Multicultural? Postcolonialisms, feminisms, and epistemologies. Indiana University Press, Bloomington and Indianapolis.

HARDING, S. 2008. Sciences from Below: Feminisms, Postcolonialities, and Modernities. Duke University Press.

HARDING, S. 2015. Objectivity and diversity: Another logic of scientific Research. U. of Chicago Press.

HRDY, S.B. 1999. Mother Nature – A history of mothers, infants, and natural selection. Pantheon Books, New York.

KOCH, C. 2019. The feeling of life itself – Why consciousness is widespread but can’t be computed. MIT Press.

KNUDSEN, J., STEVENS, H., LARA-MELOY, T., KIM, H-J., SCHECHTMAN, N. 2017. Mathematical argumentation in middle-school – The what, why, and how: A step-by-step guide with activities, games, and lesson planning tools. Corwin, Thousand Oaks.

LANE, N. 2015. The vital question: Energy, evolution, and the origins of complex life. W.W. Norton & Company.

LEDOUX, J. 2019. The deep history of ourselves: The four-billion-year story of how we got conscious brains. Viking.

LINN, M.C. & EYLON. B.-S. 2011. Science Learning and Instruction – Taking advantage of technology to promote knowledge integration. Routledge, N.Y.

LUBIENSKI, C.A. & LUBIENSKI, S.T. 2013. The Public School Advantage: Why Public Schools Outperform Private Schools. University of Chicago Press, Chicago.

MEANS, A.J. 2018. Learning to save the future: Rethinking education and work in an era of digital capitalism. Routledge, London.

MEZIROW, J. & ASSOCIATES. 2000. Learning as Transformation – Critical perspectives on a theory in progress. Jossey-Bass, San Francisco.

PIAGET, J. 1990. La Construction du Réel chez l’Enfant. Delachaux & Niestlé, Paris.

PIAGET, J. 2007. Epistemologia Genética. Martins Fontes, Lisboa.

POPKEWITZ, T.S. 2001. Lutando em Defesa da Alma – A política do ensino e a construção do professor. ARTMED, Porto Alegre.

POPPER, K.R. 1959. The Logic of Scientific Discovery. Hutchinson of London, London.

POPPER, K.R. 1967. El desarrollo del conocimiento científico - Conjeturas y refutaciones. Paidos, Buenos Aires.

ROVELLI, C. 2017. Reality is not what it seems: The journey to quantum gravity. Riverhead Books.

SAHLBERG, P. 2010. Finnish Lessons – What can the world learn from educational change in Finland? Teachers College, N.Y.

SAHLBERG, P. 2017. FinishED leadership. Corwin, Thousand Oaks.

SCHLEICHER, A. 2019. PISA 2018 – Insights and Interpretations. OECD. OECD Publishing, Paris – https://www.oecd.org/pisa/PISA%202018%20Insights%20and%20Interpretations%20FINAL%20PDF.pdf

SLOTTA, J.D. & LINN, M.C. 2009. Wise Science – Web-based inquiry in the classroom. Teachers College Press, N.Y.

TAYLOR, E.W., CRANTON, P. & Associates. 2012. The Handbook of Transformative Learning – Theory, research, and practice. Jossey-Bass, San Francisco.

TIBA, Içami. 2007. Disciplina - Limite na medida certa. Integrare Editora, São Paulo.

TIBA, Içami. 2007a. Quem Ama, Educa! Integrare Editora, São Paulo.

VYGOTSKY, L.S. 1989. A Formação Social da Mente. Martins Fontes, São Paulo.

VYGOTSKY, L.S. 1989a. Pensamento e Linguagem. Martins Fontes, São Paulo.

ZERILLI, J., 2020. The adaptable mind: What neuroplasticity and neural reuse tell us about language and cognition. Oxford U. Press.

ZHAO, Y. 2014. Who is afraid of the big bad dragon: Why China has the best (and the worst) education system in the world. Jossey-Bass, San Francisco.

ZHAO, Y. 2018. What works may hurt – Side effects in education. Teachers College Press.

ZUBOFF, S. 2019. The Age of Surveillance Capitalism: The fight for a human future at the new frontier of power. Profile Books, N.Y.

Downloads

Publicado

2021-09-20

Como Citar

DEMO, P. Formação de professores básicos na universidade: indicações preliminares de um adestramento obsoleto. Revista Internacional de Pesquisa em Didática das Ciências e Matemática, [S. l.], v. 2, p. e021015, 2021. Disponível em: https://periodicoscientificos.itp.ifsp.edu.br/index.php/revin/article/view/551. Acesso em: 16 abr. 2024.