Autoetnografia, ciências sociais e formação crítica

uma revisão da produção científica da educação física

Autores

  • Leandro Oliveira Rocha Universidade do Vale do Taquari
  • Samuel Nascimento de Araújo Secretaria Municipal de Ensino de Guarani das Missões
  • Fabiano Bossle Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave:

Autoetnografia. Educação Física. Formação Crítica. Revisão Integrativa.

Resumo

Esta pesquisa discute particularidades da autoetnografia e sua relação com a formação do autoetnógrafo, que é autor e sujeito de pesquisa. Foi elaborada a partir de uma revisão da produção acadêmica de cunho social da Educação Física realizada em 2017. Junto à plataforma virtual de 25 periódicos selecionados, com qualificações A2, B1 e B2 na área de conhecimento da Educação Física, foram encontrados somente cinco estudos sobre a autoetnografia, cuja leitura permitiu apontar três pontos de discussão: autoetnografia e conhecimento científico; texto autoetnográfico; e formação crítica do autoetnógrafo. A análise sustenta-se na
literatura estrangeira das autoetnografias e, de forma conclusiva, permite compreender que a autoetnografia emerge nas ciências sociais como aporte teórico-metodológico de investigação sustentado nas experiências culturais do pesquisador. Contrapondo modelos positivistas, amparados na neutralidade científica, o autoetnógrafo elabora a pesquisa a partir de situações vividas, sentimentos e análises reflexivas, pautados no problema de investigação, marco teórico e rigor metodológico. Experiência, subjetividade e reflexividade confirmam o protagonismo do autoetnógrafo e mobilizam processos de conscientização – características que entendemos como processo de formação crítica do pesquisador ao longo da própria investigação autoetnográfica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Leandro Oliveira Rocha, Universidade do Vale do Taquari

Mestre em Ciências do Movimento Humano. Professor de Graduação em Educação Física da Universidade do
Vale do Taquari.

Samuel Nascimento de Araújo, Secretaria Municipal de Ensino de Guarani das Missões

Mestre em Ciências do Movimento Humano. Professor de Educação Física da Secretaria Municipal de Ensino
de Guarani das Missões. 

Fabiano Bossle, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutor em Ciências do Movimento Humano. Professor de Graduação e Pós-Graduação da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. 

Referências

BOSSLE, F. O “eu do nós”: o professor de Educação Física e a construção do trabalho coletivo na Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre. Porto Alegre, 2008. Tese (Doutorado), Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.

BOSSLE, F.; MOLINA NETO, V. Leituras para (re)pensar o trabalho coletivo dos professores de Educação Física. Movimento, Porto Alegre, v. 15, n. 03, p. 89-107, jul./set. 2009a.

BOSSLE, F.; MOLINA NETO, V. No “Olho do Furacão”: uma autoetnografia em uma escola da rede municipal de ensino de Porto Alegre. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 31, n. 1, p. 131-146, set. 2009b.

BOSSLE, F.; MOLINA NETO, V. Autoetnografia: mais uma opção metodológica para alguns problemas no âmbito da Educação Física. In: MOLINA NETO, V.; BOSSLE, F. (Orgs.). O ofício de ensinar e pesquisar na Educação Física escolar. Porto Alegre: Sulina, 2010, p. 207-238.

BOSSLE, F.; MOLINA NETO, V.; WITTIZORECKI, E. S. Trabalho docente coletivo na Educação Física escolar. Pensar a Prática, Goiânia, v. 16, n. 2, p. 401-415, abr./jun. 2013.

BOSSLE, F.; BOSSLE, C. B.; ROCHA, L. O.; CRUZ, L. L. Autoetnografia: modelo contra-hegemônico para a produção de conhecimento na Pós-Graduação em Educação Física no Brasil. VI Fórum de Pós-Graduação do CBCE e III Fórum de Pesquisadores das Subáreas Sociocultural e Pedagógica da Educação Física – 2016. Disponível em: http://congressos.cbce.org.br/index.php/6FPGCBCE/6Forum/paper/viewFile/8071/4097. Acesso em: 20 fev. 2017.

BROOME, M. E. Integrative literature reviews for the development of concepts. In: RODGERS, B. L., KNAFL, K. A. (Editors). Concept development in nursing: foundations, techniques and applications. Philadelphia (USA): W.B Saunders Company, 2000. p. 231-250.

CHANG, H. Autoethnography as method. Walnut Creek, CA: Left Coast Press, 2008. ISBN: 978-1598741230.

COSCRATO, G.; PINA J. C.; MELLO D. F. Utilização de atividades lúdicas na educação em saúde: uma revisão integrativa da literatura. Acta Paul Enferm, v. 23, n. 2, p. 257-263, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v23n2/17.pdf. Acesso em: 15 nov. 2016.

ELLIS, C.; ADAMS, T. E.; BOCHNER, A. P. Autoethnography: An Overview. Forum: Qualitative Social Research, [S.l.], v. 12, n. 1, p. 1-18, nov. 2010. ISSN 1438-5627. Disponível em: http://dx.doi.org/10.17169/fqs-12.1.1589. Acesso em: 17 fev. 2018.

FERNANDES, L.; BARBOSA, R. A construção social dos corpos periféricos. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 70-82, 2016.

FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3. ed. São Paulo: Centauro, 2008.

HOLT, N. L. Representation, legitimation, and autoethnography: an autoethnographic Writing Story. International Journal of Qualitative Methods, v. 2, n. 1, p. 1-22, 2003. Disponível em https://sites.ualberta.ca/~iiqm/backissues/2_1/pdf/holt.pdf. Acesso em 10 jan. 2016.

JENSEN-HART, S; WILLIAMS, D. J. Blending voices: autoethnography as a vehicle for critical reflection in social work. Journal of Teaching in Social Work, v. 30, n. 4, p. 450-467, 2010. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1080/08841233.2010.515911. Acesso em: 06 jan. 2016.

JONES, S. H.; ADAMS, T. E.; ELLIS, C. Introduction: Coming to Know Autoethnography as More Than a Method. In: ______. Handbook of Autoethnography. Walnut Creek/CA/USA: Left Coast Press, 2015, p.10-12.

MARCUS, G. Ethnography Through Thick and Thin. Princeton: University Press, 1998.

MARTOS-GARCÍA, D.; DEVÍS-DEVÍS, J. “Ver, oír, callar y… aburrirse” en el trabajo de campo de una prisión: un relato autoetnográfico. Movimento, Porto Alegre, v. 23, n. 1, p. 53-66, jan./mar. 2017.

MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C. C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto – enferm., Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758-764, out./dez. 2008. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-07072008000400018. Acesso em: 15 nov. 2016.

PEIRANO, M. A Favor da Etnografia. Rio de Janeiro: Relumé-Dumará, 1995.

PEIRANO, M. Etnografia não é método. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, a. 20, n. 42, p. 377-391, 2014.

REED-DANAHAY, D. Auto/Ethnography: rewriting the self and the social. Oxford: Berg. 1997.

ROMAN, A. R.; FRIEDLANDER, M. R. Revisão integrativa de pesquisa aplicada à enfermagem. Cogitare Enferm, v. 3, n. 2, p. 109-112, 1998.

SPARKES, A. C. The fatal flaw: A narrative of the fragile body-self. Qualitative Inquiry, v. 2, n. 4, p. 463-494, dez. 1996. Disponível em: http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/107780049600200405. Acesso em: 07 jan. 2016.

SPARKES, A. C. Autoethnography and narratives of self: Reflections on criteria in action. Sociology of Sport Journal, 17, p. 21–43, 2000.

STARR, L. J. The use of autoethnography in educational research: locating who we are in what we do. Canadian Journal for New Scholars in Education, v. 3, n. 1, p. 01-09, jun. 2010. Disponível em https://journalhosting.ucalgary.ca/index.php/cjnse/article/view/30477. Acesso em: 05 dez. 2017.

SPRY, T. Performing autoethnography: An embodied methodological praxis. Qualitative Inquiry: Sage Publications, v. 7, n. 6, p. 706-732, dez. 2001. Disponível em: https://www.nyu.edu/classes/bkg/methods/spry.pdf. Acesso em: 06 jan. 2016.

VERSIANI, D. B. Autoetnografias: conceitos alternativos em construção. Rio de Janeiro: 7Letras, 2005.

Downloads

Publicado

2018-09-25

Como Citar

ROCHA, L. O.; ARAÚJO, S. N. de; BOSSLE, F. Autoetnografia, ciências sociais e formação crítica: uma revisão da produção científica da educação física. Revista Internacional de Formação de Professores, Itapetininga, v. 3, n. 4, p. 168–185, 2018. Disponível em: https://periodicoscientificos.itp.ifsp.edu.br/index.php/rifp/article/view/368. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos