Autoetnografia, ciências sociais e formação crítica
uma revisão da produção científica da educação física
Palavras-chave:
Autoetnografia. Educação Física. Formação Crítica. Revisão Integrativa.Resumo
Esta pesquisa discute particularidades da autoetnografia e sua relação com a formação do autoetnógrafo, que é autor e sujeito de pesquisa. Foi elaborada a partir de uma revisão da produção acadêmica de cunho social da Educação Física realizada em 2017. Junto à plataforma virtual de 25 periódicos selecionados, com qualificações A2, B1 e B2 na área de conhecimento da Educação Física, foram encontrados somente cinco estudos sobre a autoetnografia, cuja leitura permitiu apontar três pontos de discussão: autoetnografia e conhecimento científico; texto autoetnográfico; e formação crítica do autoetnógrafo. A análise sustenta-se na
literatura estrangeira das autoetnografias e, de forma conclusiva, permite compreender que a autoetnografia emerge nas ciências sociais como aporte teórico-metodológico de investigação sustentado nas experiências culturais do pesquisador. Contrapondo modelos positivistas, amparados na neutralidade científica, o autoetnógrafo elabora a pesquisa a partir de situações vividas, sentimentos e análises reflexivas, pautados no problema de investigação, marco teórico e rigor metodológico. Experiência, subjetividade e reflexividade confirmam o protagonismo do autoetnógrafo e mobilizam processos de conscientização – características que entendemos como processo de formação crítica do pesquisador ao longo da própria investigação autoetnográfica.
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