Saberes docentes sob a lente do materialismo histórico dialético
revisão crítica de fundamentos teóricos-metodológicos da epistemologia da prática a partir de um estudo comparativo
Palavras-chave:
Saberes docentes. Epistemologia da prática. Profissionalidade docente. Práxis docente.Resumo
Este artigo se propõe a discutir teórica e empiricamente um tema que se tornou recorrente nas pesquisas acadêmicas voltadas para a formação inicial e contínua de professores e nos estudos sobre o trabalho e profissionalização docente. O termo “saberes docentes” tem sido amplamente adotado em textos oficiais que tratam de programas de formação e (re) qualificação de professores da educação básica, com poucos questionamentos sobre os pressupostos teóricos e sobre as implicações político-pedagógicas inerentes ao contexto de surgimento e penetração deste conceito no campo da didática e da formação docente. Tomando como ponto de partida um estudo realizado com 48 professores alfabetizadores da Rede Municipal do Rio de Janeiro e em diálogo crítico com a principal referência e propagador deste termo no Brasil, Maurice Tardif, contestamos algumas das asserções da chamada “epistemologia da prática” que se tornaram consensuais nos discursos políticos e acadêmicos, em especial àquelas que apontam os saberes da experiência como núcleo estruturante da prática docente. Nossa análise referenciada no materialismo histórico dialético também identifica algumas inconsistências teórico-metodológicas dos estudos dos saberes docentes e propõe uma abordagem, que sem negar possíveis contribuições desta linha de estudo, focalize a dimensão da profissionalidade docente e da práxis educativa na sua relação com a totalidade social em seus aspectos múltiplos, dialéticos e contraditórios.
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